sexta-feira, 6 de junho de 2025

1º DIA - PRADO A CUMURUXATIBA

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Conforme comentei anteriormente, a fase da lua está diretamente ligada as marés. Na lua cheia e nova, temos maior amplitude nas marés, proporcionando marés mais baixas, o que facilita a pedalada na areia. Por isso, seguimos para a Bahia com essa lua maravilhosa.

Além disso, uma das coisas mais importantes de cicloviajar em praia é avaliar os pontos críticos onde a maré poderá se tornar um problema, dessa forma podemos nos programar para chegar nestes pontos antes da maré subir!  

  • Data: 12/06/2025
  • Tábua das marés: vazia 10h08 - 0,4m
  • Distância: 27 km
  • Dificuldade: Média

A pedalada pelas praias do descobrimento começa no município de Prado, no extremo sul da Costa do Descobrimento. 

Localizado no sul da Bahia, Prado foi uma das primeiras regiões avistadas pelos portugueses em 1500. Originalmente habitada pelos índios Aimorés e, mais tarde, pelos Pataxós — que ainda hoje preservam suas tradições —, a cidade surgiu às margens do rio Jucuruçu, a partir de uma antiga aldeia indígena. A ocupação europeia se intensificou no século XVII e, em 1755, foi fundada oficialmente como Vila de Nossa Senhora da Purificação do Prado. Durante o período colonial, os engenhos de açúcar impulsionaram seu crescimento. Hoje, entre praias paradisíacas, rios encantadores e um belo centro histórico, Prado mantém viva uma identidade que une suas raízes indígenas à herança portuguesa.

Como chegamos na cidade a noite, fizemos apenas algumas fotos e seguimos para o hotel.

Nosso destino, a Vila de Cumuruxatiba, fica a aproximadamente 30 quilômetros ao norte de Prado e é uma pedalada tão puxada quanto bela. Saímos 2h00 antes do pico da maré baixa, o que nos permitiu fazer todo o caminho pela praia, apreciando as belas falésias. 

Nesse dia, enfrentamos trechos realmente desafiadores. Em alguns pontos, o caminho se transformava em um campo de pedras irregulares e escorregadias. Não havia outra opção a não ser descer das bikes, empurrá-las com esforço — e, por vezes, levantá-las nos braços para seguir adiante. Cada metro exigia força, equilíbrio e persistência. Foi cansativo, mas também uma verdadeira prova de superação.

Passamos pela Praia Viçosa e praia do Tororão, onde há uma pequena cascata de água doce cai diretamente na praia, convidando os ciclistas a um banho refrescante. 

Durante a pedalada, vivemos um momento realmente assustador. Chegamos a um ponto onde um rio desaguava no mar. À primeira vista, parecia algo simples de atravessar… mas não foi nada disso. A correnteza estava forte, traiçoeira — e nos pegou de surpresa. Filipe foi primeiro, atravessou com esforço levando minha bike. Depois, voltou para buscar a dele, que estava ainda mais pesada por causa dos alforjes. Ele me orientou a segurar firme na roda da bicicleta dele enquanto atravessávamos juntos. Mas, no meio do rio, a força da água aumentou repentinamente. Em um instante de desespero, não consegui mais segurar. Soltei. E fui arrastada pela correnteza em direção ao mar. Foi apavorante. Lembro do olhar de Filipe — ele me encarou com pavor, sem saber o que fazer. Gritei tentando acalmá-lo, dizendo que eu conseguiria sair. Mas a verdade é que eu também estava morrendo de medo. Cada segundo parecia eterno. Com muito esforço e o coração acelerado, conseguimos finalmente chegar à outra margem. Tremíamos pela adrenalina e pelo susto. No processo, machuquei o joelho — um corte que continuou incomodando nos dias seguintes da viagem. No vídeo abaixo, dá para ver o momento tenso em que Filipe enfrenta a correnteza. Mas nada ali mostra o quanto o medo foi real.

Após alguns quilômetros de pedal, chegamos à charmosa e tranquila Vila de Cumuruxatiba. Nos hospedamos no acolhedor Hotel de Cumuruxatiba, um lugar encantador. Para completar a experiência, almoçamos um dourado do mar simplesmente espetacular no restaurante Hermes, logo em frente — sabor e vista que ficaram na memória.


Depois, saímos para explorar a vila, envolta por uma atmosfera calma e acolhedora. As paredes coloridas, repletas de pinturas vibrantes, renderam belas fotos. Cumuruxatiba também faz parte da rota das baleias-jubarte — entre julho e agosto, é possível fazer passeios para observá-las, quando migram da Antártica para essas águas quentes a fim de ter seus filhotes.



Todos os dias a cocada era um alimento obrigatório, mas nenhuma se comparou à da Lucinha! Fresquinha, cheia de sabores irresistíveis e com um atendimento tão acolhedor que parecia abraço. Foi, sem dúvida, a cocada mais especial da viagem!





Gastos:

R$ 315,00 Pousada 
R$ 300,00 Almoço
R$ 20,00 Cocadas
R$  5,00 Agua

Total:
R$ 640,00

Um comentário:

  1. Gostei do relato de vocês e gostaria de fazer um convite. Tenho um grupo nacional de ciicloviajantes, sou de salvador, viajante iniciante e gostaria muito que vocês partilhassem a experiência de vocês. Siga no Instagram @tundracicloviagens que vos mando o link de acesso ao grupo

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